quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

É Natal!

É Natal. E sigo eu, viajando numa velocidade estonteante - daqui pra lá, de lá pra cá, pinga, rola, às vezes descansa um pouco, e segue a dança louca dessa minha vida tão cheia de bençãos.

E as viagens além do corpo físico (internas) deixam essas outras no chinelo. Graças à Deus, e ao Diabo - ambos, sendo Um, preenchendo minha vida de perfeição. Sorrindo e chorando sigo
agradecendo a fluidez dos caminhos e seus(meus) tropeços. E quantos tropeços.

Num brevissimo resumo deste ano que passou, saí de um festival de dança em florianopolis e passei por visita a familia na Alemanha, 2 meses na Noruega, 2,5 na India, 4 em Israel, mais um mes pingando um pouco por Europa, um mes em Sao Paulo e, como que para completar o ciclo, um mes de intensas danças na Argentina - primeiro 2 semanas em Buenos Aires e fechando com outro encontro, dessa vez, nas serras de Cordoba. Com direito a lua cheia e eclipsada de solticio! Sim, todo esse poder sentimos todos na pele e em todos os corpos em nossos dias dançantes.

Bem, mas vim aqui falar de outra coisa, como minhas primeiras palavras nesta mensagem:
É Natal.

O que é o Natal?
Como a frase tão presente em minha vida há tempos: Todo ponto de vista é a vista de um ponto.

Pra muitos, são presentes e muita comida. Pra muitos outros é a falta de presentes e comida. Há quem se conecte com o velhinho de barbas brancas vestido de vermelho, já outros sentem mais o menino que parece ser o primeiro responsável por tudo isto. E por aí vai por infinitos pontos.

O que é o Natal para mim?
É o dia-a-dia. O aqui agora. Porque a cada ano o vivo tão diferente, tanto fisicamente quanto em todos outras dimensões.

Eu dizer que o Natal é o dia-a-dia pode soar como descaso a essa data tao intensa e diversamente comemorada ao redor do mundo. Mas em mim sinto o contrário - sinto que dá mais força e mais valor tanto ao natal quanto ao dia-a-dia.

Todo e cada momento é sagrado - todos mais e nenhum menos que o outro.

O natal é Nascimento - nascimento do que quisermos trazer para nossas vidas e para o mundo. E que seja assim tambem nosso aqui agora. Que nosso dia-a-dia seja um constante Nascimento do que queremos, a cada dia, a cada momento.

Facilmente entramos no automatico de seguir as rotinas diarias, dopados pelas estruturas do mundo que nos cerca. Despertemos, nasçamos, aqui, agora e a cada dia, tazendo o novo. O novo que ja esta aqui, desde sempre - mas que precisa de nossa atencao para poder ser.

Uma frase para refletir:
"voce recebe o que voce SENTE sobre o que voce pensa" Abraham Hicks

Essa frase tem a ver com a lei universal de que atraimos para nossas vidas tudo o que nos passa. E isso se dá tambem pelos pensamentos que temos. Só que mais forte que o pensamento em si, é o sentimento que temos em relacao a ele.

Mais do que nunca está na hora de nascer, renascer e trazer o novo. Só não ve isso quem nao quer.

Quanto mais aqui agora nascermos em harmonia com a Mae Terra, o Pai Celestial, o Grande espírito, a Mae divina, o Eu Sou - mais amor e bençãos é o nosso dia-a-dia.


                           

Eu quero, Eu penso, Eu sinto, Eu respiro, Eu nasço, Eu Sou. Sendo, somos Um.

Para mim, aqui, agora, isso é o Natal.

amoramoramor e liberdade para ser tudo o que é

Tom

domingo, 3 de outubro de 2010

Quero ver quem tem coração!


Hoje recebi um vídeo de um rapaz revoltado com a politica do nosso país e apresentando uma possivel solucao que viria a fazer efeito talvez daqui a uns 20 anos (http://www.youtube.com/watch?v=dAQkMjebkeA&feature=youtu.be). 


Ele fala coisas interessantes sim, e o vocabulário, claro, totalmente dispensável, mostrando que ele também não eh la o melhor exemplo de 'educacao', pior quando julga alguem por suas crencas...

Mas meu ponto de vista vai um pouco alem. Não acho que a politica e educação as quais ele se refere vão fazer a mudança que espera(mos). Não generalizo politica e educação porque , como diz Leonardo Boff: "todo ponto de vista eh a vista de um ponto"

um exemplo: "comer eh um ato politico"
me pergunto o quanto ele eh consciente disto? 

Assim como este existem infindos outros pontos a serem colocados...enfim, acredito eu que a mudança real não vem pela tal educação que esperamos da escola ou pela tal politica que esperamos do governo, mas sim de algo muito mais sutil, e profundo - algo muito mais poderoso: a consciência. Denovo, 'todo ponto de vista eh a vista de um ponto" e a mudança de consciência de um povo pode e vai alterar a politica e educação e o vice-versa também pode ser aplicável...mas não eh a chave, mesmo porque não há tempo para outras geracoes. A hora eh essa, as mudanças já estão acontecendo aqui/agora, e quem não mudar com elas, vai perder o bonde - seja la para onde ele for.

Do ponto onde estou, a vista eh de que a mudança vem de cada individuo, não de governos ou instituicoes. John Lennon ja disse disse:"pense global, atue local". Começa com as menores coisas, desde o que sentimos, pensamos, falamos, compramos, comemos, nossas escolhas de cada momento, de cada dia - ate as maiores coisas; o que sentimos, pensamos, falamos. 

Onde colocardes vossa atenção, lá estareis; para aquilo que dirigis vossa atenção, aquilo sereis, pois a consciência une-se com aquilo que a atenção atrai.” Saint German

Como diz o efeito borboleta: "o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo". 

O X da questão a que me refiro eh que isso requer um trabalho interno e muito mais profundo do que tudo o que nosso amigo se refere no video. Sem querer julgar, mas talvez já o fazendo, acredito que se ele tivesse um pouco mais de consicencia dessas coisas que falo, nao usaria tantos palavrões em seu discurso - nao por "falta de educacao", mas pela vibracao que ele atrai.

Como fui relembrado através de uma amiga de minha mãe quando estava na Cisjordânia me metendo em manifestacoes, encarando exercito e toda aquela onda densa de la:

"A paz mundial começa no indivíduo. Antes de podermos mudar a condição humana, precisamos mudar a nós mesmos."

Essa frase me provoca muitas coisas, digamos aqui por alto - concordantes e discordantes - e me faz querer comentar alguns pontos, como o fiz quando a recebi. Para ser breve, posso dizer que o 'antes' na frase eh o que não me deixa em paz. Acredito que os dois mudam juntos. Alias, eh inevitável mudar um sem mudar o outro.

Enfim, acredito que para a mudança que queremos, temos que ir nos confessar, não com o padre, mas com o espelho. Olhar bem fundo naqueles olhos divinos e passar minuciosamente por cada detalhe de nossas vidas, nossas escolhas de cada momento, e como isso afeta TODOS os seres a nossa volta. E ai fazer as mudanças necessárias, sem pressa, mas sem perder tempo. Eh como tomar a pilula vermelha do 'Matrix'. Depois do primeiro passo neste caminho, nao ha mais volta. A diferenca eh que na vida real nao tem alguem pra nos oferecer a pilula. A gente vai acordando de acordo com cada escolha. E quanto mais gente desperta, mais facil pro resto despertar tambem - a historia do centesimo macaco.Como diz nosso amigo no vídeo: Quero ver "quem tem culhao" pra fazer isso!

Que todos tenhamos "culhao" e coracao! 
Que TODOS os seres sejam felizes! 
Que TODOS os seres vivam em PAZ! 
Assim é.

com amor
Thomas Bisinger

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Misseis e muita comida boa




No meio de tanto entulho e da bagunca da construção, há uma televisão largada, que eventualmente é movida de lugar para não atrapalhar. Não é ligada já há algumas semanas, desde o fim da copa mundial de futebol - razão pela qual foi trazida. 

Sou o cozinheiro de improvisação de um grupo que trabalha com bio-construção. Dormimos em barracas ao lado da obra. A cozinha é improvisada dentro e, como a tv,  muda de lugar quando necessário.


A cozinha de improvisação
Hoje estamos somente Nitzan, Kfir e eu. À noite, quando entro na cozinha, estão os dois assistindo o noticiário. Nitzan me diz: O Egito enviou misseis à Israel. E dá risada. Eu entendo como uma piada (que não entendi) e faço cara de interrogação. Ele confirma: É verdade, beduínos mandaram 2 misseis do Sinai, no norte do Egito, para a região de Eilat, sul de Israel. Por sorte de um e azar do outro, erraram o alvo. 

Isso tudo é muito surreal para mim. Acostumado a ouvir essas coisas pela mídia, mas normalmente estando a milhares de quilômetros de distância, agora estou aqui, no país onde aconteceu. Assim como no Brasil é comum ouvir sobre um assalto, um assassinato ou afins, aqui uma notícia dessas também já é algo que não parece nada muito fora do cotidiano.

Em diferentes partes do país por onde passei é comum ouvir tiros e explosões do exército em treinamento. Fiquei mais impressionado quando vi os tanques de guerra praticando no deserto, à beira da estrada. Me senti no meio de uma guerra, ou de um filme.

Em qualquer parte - cidades, ónibus, ruas, praças, carros, é muito comum ver jovens, geralmente com cara de adolescentes ainda, carregando imensas armas de fogo. Em Israel todos, homens e mulheres, são obrigados a prestar 3 anos de serviço militar. E em seus dias de folga, devem carregar suas armas por onde forem.


Próxima Quarta feira será meu ultimo dia de trabalho como cozinheiro do grupo aqui no Moshav. Feliz de sair dessa bagunça de construção. Vou sentir saudades das mangas. 

Moshav é uma comunidade rural israelense que praticava principalmente a agricultura. A maioria das pessoas aqui já se desligou da terra e usa seu terreno para construir grandes casas ou mansões. É comum ter plantações de frutíferas abandonadas. Em frente à casa onde estamos trabalhando há uma plantação de mangas com diversas espécies e estamos bem na estação. Um de meus maiores prazeres aqui é passar tempo ali, colhendo e me lambuzando com essas delícias. Quando se come uma boa manga fica provado que Deus existe.

Passo alguns dias curtindo Tel Aviv: praia, bicicleta, Jaffa, festa, cinema, e estou praticamente decidido a seguir rumo ao Egito muito em breve. Vou ao consulado pedir o visto e o senhor que me atende diz que é melhor fazê-lo em Eilat pois lá demora apenas uma hora e aqui 3 dias. Então começo a sentir algo que me diz para não ir pro Egito agora. 

Tenho algumas conversas com diferentes amigos que fazem aflorar naturalmente uma questão que sempre volta nesta minha vida meio nomádica: o que fazer neste momento? 
Sinto vontade de concentrar minha energia em algo mais construtivo e focado. Algum projeto talvez. Só não tenho a clareza do que. Tenho tantos ramos com os quais me envolvo: alimentação, escrita, fotografia, palestras, teatro, clown e tantas outras que fica difícil escolher.

Na sexta feira participo mais uma vez da ceia cerimonial de Kabbalah Shabbat com família de minha amiga Noa. É um evento para dar as boas vindas ao Shabbat, que é o Sábado, o sétimo dia. Deus criou o mundo em seis dias, no sétimo descansou. Este é um dia sagrado para o povo judeu, no qual não se trabalha. É dia de descansar e simplesmente ser, estar. 

Por mais que não entenda ainda muitas das coisas da cerimônia, é um momento muito especial, família reunida ao redor da mesa com alimentos preparados com muito amor e dedicação. Uma festa em nome de Deus.

O pão e o vinho são partilhados em um ritual. As orações são recitadas e cantadas e o alimento é servido. Após o jantar, Noa e eu partimos de carro para uma festa que está rolando no norte do país, a aproximadamente 2 horas de carro. Israel de cruza de um extremo ao outro em aproximadamente 7 horas. 

A festa começou ao pôr do sol, num kibutz onde moram muitos amigos dela. Agora são mais de 21h. Será que ainda pegamos algo?

Chegando após a meia noite já não temos muita esperança mas, para nossa alegria, encontramos ótima musica e linda energia com a galera dançando. Muitos já foram dormir, mas a festa continua animada.

Sábado vamos, no final de um dia muito quente, para um riacho nas proximidades. Essa é uma face de Israel que não havia visto ainda. Rios neste país não há muitos, estão mais presentes por aqui, no norte, que também é mais verde e montanhoso. 

Por aqui há diversas vilas árabes ou drusas que são famosas pela rica comida árabe. Paramos para comer em uma delas. É interessante notar que os alimentos tradicionais tão apreciados pelos israelitas: falafel, hommus, babaganush, pitta, etc, são tradicionalmente árabes. Além dos alimentos, outra coisa muito presente em israel são muitas palavras árabes, principalmente pelos mais jovens.

Nos deliciamos com hommus com pinhole, saladas, azeitonas e charutinhos de folha de uva. Depois vamos a Kadita, visitar nosso amigo Dror.

charmoso banheiro seco construído na janela
Kadita é como uma vilinha rural onde passaram a viver muitas pessoas que buscam uma vida mais harmônica com a natureza. Dror mora numa área onde um grupo vive mais conectado, fazendo reuniões e eventos comunitários. A eletricidade aqui é solar. O banheiro é seco e completa-se o ciclo: plantar-comer-defecar-plantar-comer-defecar...

Passo uns dias com a casa toda só pra mim na maior parte do dia. Bom estar nessa solitude nesse meu momento de transição. Sábado dou oficina de alimentação viva em Tel Aviv. Talvez tenha que organizar mais de uma porque tem muita gente interessada. Bem, um passo de cada vez. 

Agora estou aqui.

sábado, 17 de julho de 2010

Gypsindian Music Festival 2010 "by Caravaggio"

She's so strong, the Desert!


She's so Strong
She's got so much light
And her forms, wow, those curves...
I look at her and see myself
I love you Desert
For the Silence that tells me everything!

Um Guru e suas emanacoes

Uma Familia em Srinagar

Passei a noite no New Kismat, um dos tantos e tradicionais barcos casa do lago Dal em Srinagar. Comaparando o preco com outros barcos e mesmo hoteis, o que consegui eh ate barato (350 rupias = 14 reais) por uma noite. Isto tambem porque eh alta estacao de turismo na india para indianos e eles adoram vir para Srinagar e caxemira turistear. Ate achei um barco onde me ofereceram por 100 rupias a noite, mas num local meio suspeito e barcos bem "ruinzinhos". Aqui na india tenho gasto media de 150 rupias por noite, mas parece que aqui na caxemira a realidade eh outra. Decidi dormir esta noite no barco tambem para passar por esta experiencia que atrai tantos e porque por um lado o done, que me abordou na rua, me passou boa impressao, ainda mais que no mesmo espaco vive sua familia.

Seu espaco fica numa "ilha" do lago. Tem dois barcos, o que fiquei, menor e mais simples e outro maior e provavelmente mais chique. Alem disso na ilha tem outro espaco onde vivem e tambem a cozinha. Aqui na Caxemira o consumo de carne eh bem maior do que vi em outras partes da India, mesmo porque aqui a grande maioria sao muculmanos e adoram carne. Para o jantar me servem arroz e batata refogada com cenoura e ervilhas. Bastante saborosos. Ja em outras partes que estive, isso viria acompanhado de, no minimo, um prato de leguminosas, provavelmente dal (lentilha). Creio que como sao bem carnivoros aqui, nao sabem bem como lidar com vegetarianos.

Na cozinha, todas a mulheres da casa - provavelmente esposa do dono, talvez filhas. Alguns homens tambem. Volta e meia um vai a varanda para dar uns tragos no Hookah, cachimbo de agua de origem arabe. Dono do barco se mostra bastante amigavel, nao tao explorador como tantos por aqui so querendo vender algo. Mas aos poucos solta algo, como quando oferece tekkings e outras atividades turisticas da regiao. Pergunto sobre Ahad Sahib Sopore, o dervixe iluminado do qual Oberom e Samadhi me falaram. Depois da tumba de Jesus, ele era a razao principal para eles virem ate aqui passar somente uma noite. Mas quando nos disseram que Sopore eh a cidade onde ele mora e que fica uns 100km daqui, os dois ja desistiram da ideia, por falta de tempo.

Depois descobri que na verdade sao apenas 40 km de distancia. Mesmo assim longe demais para eles. Na India, 40km eh, no minimo, 1 hora de viagem. No barco comento que quero ir visita-lo. Eles ficam admirados como eu ouvi falar de Sahib Sopore. Dizem que gostam muito dele e que vao la frequentemente. Me mostram sua foto, nu. "esta sempre nu". Dizem que podem ir junto comigo. Eles conseguem um carro eu eu so preciso pagar a gasolina: 600 rupias. Digo que nao posso pagar essa quantia, vou de onibus mesmo. Explicam que quando chego em Sopore tenho que pegar carroca a cavalo para ir ate sua casa.

A caminho do barco, logo que o conheci, perguntei se me daria mais desconto caso ficasse mais dias. Disse "como voce quizer, nao estou muito preocupado com dinheiro. o que voce puder dar" . nao confiei muito nisso mas tambem me permiti o risco. Agora ja no barco, tomando meu cafe da manha incluso no preco (cha e pao de forma com geleia artificial) apos a primeira noite, toco no assunto novamente e a historia eh outra. Diz que nao pode baixar o preco, que ja esta muito baixo. Pergunto entao se posso somente deixar minha mochila enquanto procuro outro quarto mais barato - afinal, ele se mostrou tao amigavel e desinteressado...diz secamente que hora de checkout eh 12h. "Tudo bem, entao vou-me embora agora com todas minhas coisas".

Sinto que ele tem um lado muito bom, mas nao foi muito honesto comigo. Sem ressentimentos, deixo o barco. Na saida ele fala com uma shikara (canoa tradicional) que esta passando e consegue outro barco para mim por R200. Vou la so para averiguar. Mais simples, dono muito amigavel. Digo que talvez eu volte. Chama uma Shikara meio chique que esta passando com um homem de negocios e suas maletas. Sera um turista indiano? Quando entro comeca a puxar papo como quem nao que nada ate chegar ao assunto: ele vende joias de prata com pedras preciosas. Para para tomarmos um cha que o condutor faz rapidamente num fogaozinho portatil. Me mostra seus produtos. Como disse que nao tenho muito $ me da ideia de comprar varias para revender. Ideia que ja tinha, mas nao me identifico muito. Uma porque nao sou bom comerciante, outra porque nao me atrai a ideia de estarem destruindo a terra em busca de pedras para fazer $$ e mais outra porque nao tenho muito $$$.

Enfim me deixa em terra firme, nao muito feliz. Eu curti a experiencia e viagem gratis. hehehe
Decido ir com todas minhas coisas ate Sopore para encontrar o dervixe iluminado e talvez domir la mesmo. Pego onibus urbano rumo a terminal. Pouco antes de chegar, um senhor senta ao meu lado e comeca a puxar papo. Tambem fica impressionado com meu destino e me convida a almocar em sua casa antes de ir. Pergunto se nao eh problema eu ser vegetariano. "Sem problema". Desco com ele e sua esposa. Pegamos rikshaw ate sua casa num bairro bem simples, noa aforas da cidade. Tento pagar, nao me deixa. Entramos e conheco parte de sua familia: filha mais jovem, 17, neta mais velha, 15, esposa de um dos tres filhos e dois netinhos bebes. Na primeira sala, chao coberto de tapetes com almofadas para enconsto nas paredes. Televisao. Segunda sala eh o comedor, parecida, porem com esteiras de palha no chao. Mais uma televisao, esta ligada. Me oferece cha e se quero doce ou salgado. Salgado? Bem, digo para me servir da maneira como ele toma, tradicionalmente. Me servem cha preto com leite e sal. Sim, eh bem estranho o sabor. E eh com bastante leite, bem gordo. Junto servem pao da caxemira (tipo chapati) e bolachinhas. Pergunto se nao vao tomar cha. Diz que agora nao porque vao almocar em breve.

Mulher fala algo com Ali que me conta: ela quer fumar Hookah ali (aponta para um quartinho escuro no canto da sala) porque voce esta aqui. Normalmente fuma aqui. Digo para que, por favor, fume ali mesmo. Nao me importo. O proprio Ali fumou seu cigarro ali mesmo. Pela maneira como Ali me fala e pela vergonha dela, imagino que no hookah ela fume haxixe.

A esposa fica muito interessada em mim, me olha profundo. Nao fala nada de ingles. Nos comunicamos por olhar e atraves de seu marido ou filha que fala ingles. Ela e a neta mais velha sao as unicas que sabem ler e escrever. Me mostram parte superior da casa, com dois quartos, um de cada filho e mais uma sala como a de baixo so que mais chique. Sem televisao. Estantes nas paredes fechadas com vidro contem alguns enfeites, brinquedos, fotos e outros objetos. Me mostram tambem a foto de Sahib Sopore, o dervixe que quero encontrar. Numa das prateleiras o Alcorao e outros objetos sagrados, como um rosario. Ali Mohamad, o chefe da familia me diz que contem 101 contas. Conversa um pouco com sua esposa em caxemiri e entao me diz que vao junto ver o Sahib. Vamos de carro, com um de seus filhos, logo apos almoco.

Almoco eh servido em pratos tradicionais, feitos de aluminio. Parecem grandes calices. Grande porcao de arroz. Em recipientes semelhantes porem pequeninos, um pouco de espinafre refogado e batatas fritas. Outro com iogurte. Como hospede eu recebo maiores quantidades que o resto. Por isso deixo um pouco de batatas e iogurte. Vem um vasilhame com agua para lavarmos a mao direita, com a qual se come. Colher somente para servir. Me pergunto se nao comem carne por respeito a mim. Mas nao sinto de perguntar-lhes. Pergunto quanto vai custar de gasolina para ir ate Sopore - diz que nao muito , uns 3 litros. Nao sabe agora o valor. Me entrego.

No carro pequenino, eu e o filho na frente, Ali, sua esposa e filha + duas netas atras. No comeco da estrada vemos um carro que acaba de bater contra uma arvore. Pessoas correndo para socorrer os acidentados. Motorista reduz para ver detalhes.Cena chocante. Percebe-se que ele dirige com muita cautela por isso. Apos aproximadamente 1 hora chegamos a Sopore. Ali pergunta se quero comprar pao ou bolinhas de acucar como oferenda para o Sahib. Sim, pao. Paramos numa padaria e compramos varios paes.

Chegando la entramos numa salinha onde o homem, ja bem idoso esta deitado numa cama quase ao nivel do chao, dormindo. Nao esta nu, talvez pela idade. Dois homens, cuidadores, junto dele. Um massageia suas pernas. Pessoas sentadas olhando para ele. Aparelho de som toca musica Sufi. Nos sentamos. Ali pergunta se tenho carteira de identidade para o Baba abencoar. Entrego. Colocam junto com varios objetos, alimentos, garrafas de agua, etc para serem abencoados a frente dele. Medito por alguns instantes. Sinto algo forte e sutil em meu peito. Tocam cada pertence ao corpo do Sahib e devolvem aos donos. Entao todos saem para entrarem outras pessoas.

Um homem tenta toca-lo, recebe advertencia dos cuidadores atentos mas tenta denovo e consegue tocar sua mao. Uma mulher tambem tenta toca-lo mas agora realmente nao dixam. ela se ajoelha a sua frente e chora. Me sento bem a frente e entrego minha japamala (rosario de oracoes) para ser abencoada. O Sahib da umas mexidas involuntarias na mao e me vem o pensamento "ele podia tocar minha japamala". Em silencio peco para ele abrir os olhos. Alguns instantes depois ele comeca a se mexer e, com ajuda de um dos cuidadores se senta. Neste movimento arrasta sua mao no chao e lanca minha japamala com vigor em minha direcao. Sentado, fica com a cabeca baixa por uns instantes e entao levanta a cabeca e abre os olhos. Nao foca em nada. Esta ali mas nao esta. Agradecido.

Vou para a area externa onde familia ja toma cha e come pao oferecido pelo espaco. Pego meu pao e me dao um cha. Aiaiai, sera que eh o mesmo? Tomo um gole e, ui. eh o mesmo. salgado. fazer o que...melhor tomar pra nao fazer desfeita. Tambem me dao algo que parece uma pedrinha de barro, cinza. Ali expica que eh medicina sagrada. Qualquer problema no corpo eh so molha-la um pouco e passar na area afetada. Tambem se quiser ver o Sahib onde quer que esteja, eh so passar um pouco nas temporas e ele vira ate mim em meu sono.

Ja no carro Ali pergunta se quero conhecer um lago. Sim. Viajamos por outro caminho ate chegar no lago Wular, que chega ate 260km2 de extensao. Damos a volta nele e voltamos a Srinagar. Uma longa viagem passando por inumeros vilarejos, barricadas do exercito, soldados a beira da estrada, muitas plantacoes de arroz e maca, tambem cheias de soldados. Ali fuma varios cigarros durante a viagem. Criancas tossem muito mas ele nem se da conta. Chegando na cidade, ja a noite, Ali pergunta se quero ir ao barcocasa (hotel) ou sua casa. -Sua Casa.

Chegando la ja estao os outros dois irmaos. Jantamos arroz com espinafre, iogurte e molho de tomate extrapicante. Volta e meia a senhora entra no quartinho para fumar. A televisao sempre ligada: discovery channel, filme de bollywood, cricket, luta livre falcatrua, competicao de dancarinos infantis, etc. Um dos filhos, unico que fala um pouco de ingles, trabalha com turismo. Ele diz que a caxemira eh muito boa e que india nao eh boa. Sao tao diferentes aqui que nao se consideram indianos. Escovo meus dentes e Ali me mostra minha cama, na sala de entrada da casa, que tambem eh o seu quarto. Filha mais nova prepara as camas. Ela e a mae dormem na sala ao lado, onde comemos. Pergunto quanto foi o custo de gasolina da viagem. Fazem calculos e dizem que se comprassem gasolina no posto seria 300 rupias, mas como compram no mercado negro, fica 200.

Ali pergunta se ainda quero sair ou se ja vou dormir. "Vou dormir". Fala para me deitar apontando minha cama. Televisao ligada mostra jogo de cricket. Me deito. Elefica assisindo jogo por um bom tempo.

Acordamos por volta das 6h. Tomo banho quente, de balde. Na cozinha ja tomam cha. Peco sem sal e sem leite. Estranham mas servem. Vem um cha tao preto que parece cafe. Imagino que sempre fazem assim, mas como eles sempre adicionam bastante leite, fica " bom". Tomo alguns goles e peco mais agua para diluir.

Quero ir embora para me entregar novamente para a sabedoria da incerteza, sair por ai e ver onde vou parar. Nao sei como colocar isto para eles, entao digo que vou pegar o onibus das 8 para Leh. Ali diz para arrumar minhas coisas que seu filho esta de saida e me deixa no terminal. Dou a grana da gasolina mais um extra, agradeco e la vou eu rumo ao desconhecido.

Rodo um pouco com mochila entrando em lojas de foto em busca de camera digital barata mas com qualidade aceitvel, de preferencia usada. Encontro algumas, mas nenhuma me convence. Ha tambem algumas antigas, manuais e analogicas que e atraem. Duvida. Simplicidade(com menos qualidade) ou qualidade(mais complicada)???

Me indicam outra area da cidade onde talvez encontre mais opcoes. Deixo minha mochila numa das lojas e pego onibus. Apos bom tempo pergunto se estou no lugar certo. Mulheres em lindas roupas tradicionais me dizem que este onibus nao vai onde quero ir. Saba me diz para descer com elas que me mostram. Pergunta o que busco. Diz que vao me ajudar. Eh domingo, maioria do comercio esta fechado. Caminhamos, entramos em algumas lojas, faz ligacao, tudo para me ajudar. Nada. Diz que melhor tentar amanha. Me da seu telefone e diz que se precisar ajuda ligue para ela. Muito Agradecido. " O prazer eh meu".

Comeco a caminhar por ali para ver o que encontro. Logo percebo que a calcada eh um imenso mercado vendendo muita roupa usada entre outras coisas. Seria bom comprar uma calca masi quentinha e talvez um agasalho sendo que as altitudes em Ladakh (onde penso ir em breve) sao grandes. Caminho bom tempo, acho umas calcas interessantes, mas sou muito exigente. Nao compro nada. Quando me dou conta ja estou proximo ao terminal de onibus, perto do lago e de onde esta minha mochila.

e agora? Veremos o que se apresenta...

Encontros com Jesus na Caxemira

aqui estou na caxemira, srinagar. estado pelo qual paquistao e india brigam bastante. agora tudo em paz. apenas muitas barricadas do exercito por todo lado, mas nenhuma tensao. hoje cedo fomos (com oberom e samadhi) visitar suposta tumba de Jesus. fica aqui na cidade mesmo e o nome da pessoa no local eh Youza Asaph. alguns estudos profundos indicam forte relacao com Jesus e muitos acreditam que eh o proprio que apos ressucitar, veio passar seus ultimos dias aqui na caxemira.

in the History of Kashmir by Mullah Nadira of the year 1413, says four sayings in Persian were inscribed on the steps leading to the main entrance to the Throne of Solomon Temple opposite Lake Dal in Srinagar when it was restored during Gopadatta's reign. The last two read:
"At this time, Yuz Asaf announced his prophetic mission. In the year fifty and four." (107 AD), and
"He is Jesus, a prophet of the sons of Israel."
The TRUTH is now available to readers in the Western World, as it always has been to those of the East, of the circumstances of Jesus' last hours on this earth as a man.
"At the approach of death, he sent for his disciple Babaad. .....He made his last will and gave directions about carrying on his mission of peace. He gave directions about the reparation of the sepulchre for him, at the very place where he breathed his last. ....He then stretched his legs towards the west and kept his head towards the east and passed away."
Shaikh-us-Sadiq, KAMAL-UD-DIN, p358.
Ayesha Siddiq, wife of Muhammed said her husband claimed Jesus was over 120 years old at death.
http://www.healthark.com/kmedia/paradis6.htm


a verdade? quem sabe? se eu acredito? Sim. acredito nessa historia sem apegar-me a ela. Sab Kuch Milega (everything is possible)

ja haviamos lido na net que por causa do boato de ser Jesus, muitos turistas estavam vindo ver. entao fecharam o local. chegando la, na porta, um grupo de jovens nos diz que nao eh possivel entrar e melhor irmos embora porque ja tiveram problemas com turistas querendo ver o fulano, ou melhor, sua tumba. samadhi tira um foto e meninos dizem pra ele que eh proibido. inclusive tem uma enorme placa informando isto. sentimos que eh melhor irmos. vamos entao em busca do sufi cego, que cura muita gente e se diz que le as pessoas como livros. O outro Sufi iluminado que queriamos ver fica a mais de uma hora de viagem daqui e os menonos nao tem tempo. tem que pegar o onuibus rumo a delhi ainda hoje pela manha. uma viagem de rikshaw de prox 30 min. e chegamos na casa de Rahman Sahib, o sufi cego. Um homem boa pinta nos recebe muito bem e ja informa que esta fora da cidade e so volta domingo. nos convida a entrar e ver fotos do sufi. subimos escadas e entramos num quarto aconhcegante, com muitos tapetes, uns panos com desenhos da mecca e outro local sagrado de seu profeta e duas fotos do sufi. nos convida a tomar cha mas meninos tem pressa pra ir embora, sua viagem eh longa. rikshaw nos leva de volta ao ponto onde o encontramos - ao lado da "tumba de Jesus". Vamos tentar a sorte novamente. como quem nao quer nada, paramos numa padaria, compramos umas bolachinhas e entao numa vendinha ao lado da casa e compramos suquinhos. ficamos ali saboreando e pedimos algumas infos ao dono da venda. ele confirma que nao podemos entrar.

Ainda saboreando nossos suquinhos vamos ate a casa, que fica numa esquina. olhamos pelo outro lado (nao o da entrada). ha uma janelinhja aberta e olhando para dentro conseguimos ver a tumba. UAU. conseguimos ver!! Nos amontoamos na janelinha e samadhi tira foto escondida. chega um homem simples numa motinho. nos cumprimenta. nao fala muito, mas diz coisas com mimica, aponta para a casa. eh simpatico. chega um menino. fala ingles. diz que nao podemos entrar porque esta trancada. dizemos que nao esta e mostramos cadeado aberto. ele diz que entao sem problemas, podemos entrar, eh so deixar sapatos do lado de fora. sem hesitar muito decidimos entrar. pedimos para nos acompanhar. abrimos a porta e entramos. ha uma grade e desta vez com cadeado trancado. mas aqui podemos ver a tumba um pouco melhor. esta coberta com panos. menino adverte que nao podemos tirar fotos. apreciamos um pouco e decidimos melhor nao abusar e partir. ja sentimos gostinho da vitoria. saindo, um homem na janela da mesquita que fica ao lado diz que nao podemos entrar. ja saimos. entao na frente perguntamos mais uma vez se podemos tirar foto. menino fala com homem na janela e diz que sim, aqui fora podemos. tiramos fotos e enfim nos vamos.

e agora!?! nao lembramos nome do nosso hotel, nem area. sabemos que nao eh longe e esta a frente de um lago. perguntamos onde fica o lago, mesmo sabendo que lago eh grande e tem diferentes divisoes. dizem que ha muitos lagos em srinagar. aiaiai. pedimos pelo mais proximo. indicam a direcao e seguimos. apos uma caminhada chegamos a uma parte que reconhecemos. ufa. encontramos. os dois arrumam suas coisas e se vao. agora eu fico sozinho.

saio para passear e busacr hotel mais barato. vou ao tourist info , pego mapa e algumas infos. pego jipe compartido (hoje nao ha muitos onibus na cidade porque eh sexta e dizem que eh dia de protesto) que vai ao longo do lago, passando por inumeros houseboats tradicionais(hoje hospedagem para turistas) no lago que vai se expandindo e fica enorme. vou ate um parque/jardim famoso. nao sei o que vou encontrar la, mas dizem que eh bonito e turistico. no caminho menino que esta me ajudando com infos me diz que uma pessoa foi morta pela policia/exercito no protesto. ainda bem que eh longe daqui.

o jardim/parque esta cheio de tursitas indianos. agora eh ferias na india e muitos vem visitar a caxemira. jardins bem arrumadinhos com gramados e canteiros das mais variadas floras. arvores gigantes e alguns dutos de agua, foramndo cascadas em alguns pontos. parece um jardim bem anitgo, principalemnte pelas arvores. sento sob uma delas e medito e oro. peco guianca para meu proximo passo. nao sei o que fazer, talvez siga em breve para Leh...veremos.

voltando para a cidade, entro em alguns hoteis para ver se acho mais barato mas nao encontro. tem a opcao dos boathouses pertinho do nosso hotel. um me ofereceu beeeem barato, mas nao tenho vontade de ir la...desconfianca...afinal, a caminho de um deles para dar uma olhada melhor, um homem me aborda fazendo varias perguntas, como tantos ja fizeram desde que chegamos. a principio digo nao, nao nao. mas ele se aproxima e tem um jeito legal, gentil, amigavel - nao como outros que vem de uma forma meio agressiva, como que querendo ajudar, sendo super amigos, mas algo denso por tras e so querendo jeito de tirar dinheiro. enfim este homem me oferece houseboat na area onde ha tantos outros, os mais chiques. digo que busco algo beeeeeeeem barato. ele me oferece um pouco mais que o melhor preco que me deram no hotel onde ficamos noite passada. pechicho e consigo mesmo preco que hotel. diz que seu barco eh bom, confortavel, ambiente de familia, que ha neo zelandeses la com ele. enfim, me convence.

entro no hotel, pego minhas coisas e vou com ele no riskshaw. comeca a chover. chegando la pegamos canoa tradicional e cruzamos a agua ate seu barco. fica um pouco mais pra dentro que outros barcos, o que ja me da um pouco de desconfianca, mas sinto coisa boa. tenho um quarto grande, confortavel. me leva ate cozinha, que eh de sua casa. sao doisa barcos juntos e mais umas construcoes de madeira. na cozinha 4 mulheres de diferentes idades. alguns homens por ali tambem. sentamos e me servem cha da kashemira (tipo chai -sem leite) peco sem acucar. delicia. me servem chapati e bolachinhas. homem me diz que eh sua familia. pergunto se ficar mais dias me da mais desconto. diz que como eu quizer, ele nao esta muito preocupado com dinheiro, o que eu puder dar. nao confio muito nisso, mas sinto coisa boa dele, ainda mais que estou no seu ambiente familiar. me entrego.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Grande Jornada (pedido de apoio)

"Uma jornada de mil léguas começa com um simples passo"
Lao-tzu


ESCREVI ESTA PROPOSTA ENQUANTO VIAJAVA PELO NORTE DA INDIA NO INICIO DE 2010. AS COISAS TOMARAM OUTROS RUMOS, MAS FICA O REGISTRO.

Prezados,

Sou um viajante/mochileiro brasileiro, agora na india. Vim sem muitos planos ou expectativas e agora comecam a surgir ideias de roteiros e aventuras mais longas do que tinha a principio e a decisao vai depender do apoio que eu consiga (ou nao).

Escrevo de maneira um tanto informal porque assim sou em minha vida e em minhas viagens - e para ir direto ao ponto.

Vem surgindo algumas ideias de roteiros maiores, sendo a principal neste momento ir ate o norte da India, Caxemira, visitar um dervixe iluminado e o suposto tumulo de Jesus, entre outros, depois cruzar pelo Karakoram Pass para a china, passar ao lado do kailash e seguir por estrada antiga ate Laos e paises vizinhos.


outra ideia seria seguir para Mongolia e depois cruzar a transsiberiana.

Os roteiros sao ideias em construcao. Estou pesquisando as possibilidades, que dependem do apoio que consiga. Por isso os escrevo agora.


Sei que o normal seria eu ir atras de apoio e depois ir viajar, mas ca estou, ja na estrada.

Aqui vai um rapido curriculo sobre minhas viagens:

Ha 10 anos fiz minha primeira viagem independente pela africa e desde entao tenho estado mais na estrada que vivendo em um lugar fixo. No final de 2007 publiquei um livro sobre minha segunda experiencia na Africa " Minhas Memorias de Africa, uma viagem pelo caminho interior"(http://photombisinger.blogspot.com/2009/04/caminhos-da-africa.html)

No total foram 2,5 anos por 11 paises do sul e leste da Africa e o resto na america do Sul (Brasil, Peru, Bolivia, Equador e Argentina), com algumas breves passagens pela europa.

Tudo isto porque, com minha primeira viagem pela Africa, minha vida mudou por completo. Nao podia mais me encaixar no sistema de viver em funcao do trabalho sem um sentido em minha vida. E eh justamente isto que me move a seguir viajando e vivendo: uma vida com sentido.

Agora estou na India, entregue e aberto para o que vier.

Objetivos: Envio em anexo um material que estive usando como proposta para palestras que dei em varias cidades do Brasil (universidades, espacos culturais, eventos, livrarias, etc) como ideia dos frutos que esta jornada pode dar.

Em outras palavras, publicacao de livro(s), exposicoes, palestras e/ou outros eventos falando sobre a viagem pelos locais, culturas e pelo universo interior, nesta pratica de uma vida com sentido.

Entao fica aqui o pedido de apoio para esta grande jornada.

Caso nao possam me ajudar diretamente, tambem agradeco sugestoes e contatos para possiveis apoios.

como ja estou na estrada, o apoio deve ser algo um tanto agil que nao tenha que passar por mil processos de selecao ou outras mega burocracias. Algo certeiro onde se identifiquem com o projeto.


Amor e Gratidao
Thomas Bisinger

sexta-feira, 19 de março de 2010

o rasta e o bebado ( no parque com lennart)

couch surfing em hamburg, vou com lennart dar uma volta em sternschanze, uma area que esta mudando de super alternativa para chique e cara. "logo logo vai ter um adidas store ao inves de restaurantes turcos" diz lennart.

compramos sorvetes e vamos curtir esse dia que indica a chegada da primavera apos tao intenso inverno. Nos sentamos em um banco ao sol que brilha gostoso atraves das nuvens que ainda resistem.

ha varios grupos de pessoas conversando e disfrutando da temperatura amena. um rasta com tunica branca e chapeu militar faz preces ao sol. depois de um tempo ele chega ate nos e comeca a falar-nos algumas verdades sobre a vida. Reflexoes positivas sobre o caminhar.

vendo um bebe que da seus primeiros passos caminhando ao nosso lado diz: it´s beautiful to be small. no worries, no pretending, just being. He´ll have such a good life if nobody spoils him.

um homem totalmente bebado senta tambem ao nosso lado e tenta articular algumas palavras como quem quer participar da conversa. O rasta fala sobre ele abertamente, dizendo que vive na escuridao. "I see you are on the path, you two. you can see. that´s why I come talk to you. But him (o bebado), he sees nothing. he´s just there. no point talking to who does not want to listen. E fala mais algumas coisas no sentido de que cada um faz suas escolhas e nao podemos ajudar quem nao quer ser ajudado.

fala algumas dessas coisas com uma cara seria, olhando profundamente nos olhos de lennart, bem de perto.

o bebado se aproxima do rasta e tenta tocar uma faixa que esta pendurada em sua cintura. o rasta desvia e fala rigidamente: sit down! you sit down there and be quiet!!!

o bebado se senta.

"isso aqui é o inferno" diz, e enquanto passa a mao varias vezes a sua frente, por seu centro, de uma maneira bem fluida, acrescenta: "mas o paraiso esta aqui! podemos viver o paraiso em qualquer lugar. so depende de nos".

O rasta vai conversar com um conhecido que chegou.O Sol desaparece por tras de um edificio. A temperatura desce.

Gratidao Rasta, por compartilhar.

quarta-feira, 17 de março de 2010

A (not so) strange man

Once upon a time there was a man. He grew up in a big city, in a pretty normal family, with a pretty normal life. He went to school, played with his friends, fought with his brothers and didn’t like to do his homework. Nothing so far from normal.

But as he finished school and started to have to make his own decisions for life, things got a bit out of what we call normal. While his friends were choosing their careers and whatever else they wanted for their lives, he didn’t really know what he wanted to do. He knew one thing alright: he knew he wanted to get out there and see the world. But being a normal person in a normal city, having a normal family, to do that, he would have to have a normal life with a normal job so that he could, if he was lucky, go once in a while to see bits and pieces of his or other countries of the world he lives in.

For him, this normal way of life seemed all too weird. So he decided he would do things his own way, not really knowing what he was getting himself into.

Living in this normal world, if you do things that are not normal, people will think you are strange and that there’s something wrong with it. And besides, it can be very hard to do not normal things in a normal world. But he didn’t care and he just went on with his plans to follow this strange feeling he had deep inside.

And so he found ways to get around and see the world and do his thing. Of course, he had to go somewhere in between normal and his own way because, after all, he still was in this normal world with normal people and normal ways of doing things. So he went around doing what he had to do to follow his dreams – being normal and something else at the same time.

At times more normal, and other times just himself, sometimes it was really easy. But other times it was really hard. He would get lost, confused and sometimes even sucked in the normal way of being, which at times made him feel really sad. But that thing, that deep feeling he had inside was so strong that it just made him keep going and along the way, this man met more and more people like him. People who couldn’t just be normal simply because everyone else is.

Along the way he also learnt magic things that would help him doing what he had to do. It turned out that one of the most powerful magic things he learnt was also one of the simplest. It is so simple it can be expressed in just one word: gratitude. But actually, the most effective way of using this magic is not even using one word. All it takes is to feel it. Simply by concentrating and feeling gratitude for all that is.

The man noticed that the more he used this magic, the more powerful it would get. So he just connected with that feeling from the smallest, simplest to the greatest things in his life. And he learnt that if he used this magic of simply feeling gratitude for things he didn’t like in his life, that’s when the magic would surprise him, seeming more like a miracle. So whenever he was having a hard time to get what he wanted or if things he didn’t like were happening to him, or if he was just feeling bad or sad – if, in those difficult moments, he managed to connect with that feeling of gratitude inside himself, feeling it in his whole body, his whole being, the magic would be so amazing, so strong, so effective that things would start changing and flowing just as they are meant to be.

He then understood that to feel grateful is to accept that everything is perfect, even when it doesn’t seem to be. And when you accept that everything is perfect, that’s what you get.

In (perfect) gratitude

sábado, 27 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Um homem em seu caminho

obs.:aqui onde estou nao ha acentos, entao uso "eh"


Um homem, um dia.

Um homem.

Um dia.

Um dia um homem sobe um morro.

Um dia um homem sobe um morro para ver

O homem segue o caminho, morro acima,

E vai subindo, e vai subindo

Subindo, subindo, subiu!

Um dia um homem sobe um morro para ver o horizonte e da de cara com o por do sol.

Nao eh um por do sol, eh o por do sol.

eh o por do sol porque naquele momento, naquele morro, praquele homem,

Aquele por do sol eh tudo. eh O por do sol (com o maiusculo).

Na verdade o sol ja se pos, mas ainda eh o por do sol.

O horizonte, de cabo a rabo esta tingido das mais quentes cores

Vermelho, laranja, amarelo, FOGO!!!

O horizonte esta em fogo. Nao esta em chamas porque nao ha chamas. So fogo.

Mas eh so o horizonte que esta em fogo.

O ceu vai subindo em tracos e rasgos de um violeta tao roxo que eh quase azul.

Tracos e rasgos para cada lado. Azul? Roxo? Violeta? UAU!

E o ceu vai subindo e fica.

Fica ceu. So ceu. Nada mais.

Um ceu puro, limpo, do azul mais profundo.

Nao escuro. Profundo. Profundo tem a ver com escuro mas nao eh.

Profundo tem profundidade. E que profundo este ceu deste azul.

E la esta o homem em cima do morro olhando o majestosamente esplendido

Por do sol em vermelho, amarelo e laranja gritantes

Em roxo, azul e violeta fluentes

E azul.

E o homem.

E o homem se esquece.

O homem esta.

Ali.

Ali esta o homem esquecido de tudo.

Simplesmente ali.

E o homem se enche de alegria e transborda num louco sentimento que mistura.

Louco e sereno sentimento que mistura extase e gratidao.

Gratidao pelo sol, pelo por, pelo ceu, pelo horizonte

Pelo roxo, azul, violeta, lilas, vermelho, amarelo, laranja e azul.

Gratidao por ser, estar e esquecer o que nao eh, o que nao esta.

Aqui agora o homem esta cheio, carregado de tudo isso.

E la vai ele, descendo o morro, seguindo seu caminho.

Uma arvore!

O homem ve uma arvore. Imensa e majestosa arvore.

A arvore chama o homem. O homem escuta.

O homem abraca a arvore e esquece.

Esquece o que ja foi.

O homem eh. A Arvore eh. O homem eh a arvore eh.

O homem e a arvore, abracados sao.

Nao! o homem e a arvore nao sao. O homem e a arvore eh. Um .

Eh o homem, eh a arvore, eh Um.

Em gratidao, o homem deixa a arvore.

O homem segue seu caminho.

Em gratidao.

Gratidao.