terça-feira, 28 de outubro de 2008

III Festival Experimental Eletrorgânico





Aconteceu no Município de Silva Jardim-RJ, de 10 a 12 de outubro de 2008, o III Festival Experimental Eletrorgânico; um evento de arte, cultura e ecologia para arrecadar fundos para a Escola da Mata Atlântica em Aldeia Velha - RJ.

"O Festival é uma iniciativa que procura abrir um espaço para apresentação de bandas independentes, grupos regionais, artes circenses e tantas outras manifestações tradicionais e modernas, num ambiente de diálogo e respeito com o Meio Ambiente".

Debaixo de um sol escaldante, com a abençoada presença central de um rio de águas cristalinas, o festival foi uma "mistureba" dos mais variados estilos musicais, além de oficinas, projeções de vídeos, performances, tenda das crianças, alimentação vegetariana e viva - com mandalas de frutas e suco de luz do sol todas as manhãs. Já as tardes e noites eram regadas à cerveja.

Deu para notar o esforço e dedicação das pessoas envolvidas na produção do evento nos detalhes como a compra de alimentos dos agricultores da região, a compostagem do lixo da cozinha, banheiros secos muito bem feitos, postos de reciclagem seletiva, bioconstrução, e, acima de tudo, doando seu serviço, como diz o ditado: "trabalho como amor em ação".

É claro que sempre estão presentes irmãs e irmãos que ainda não captaram a mensagem de que "o encontro é construído por todos que estão lá realizando esse sonho coletivo"; e nao colaboraram em aspectos como :separar o lixo reciclável, não jogar lixo no chão, não usar sabão no rio, manter limpos os banheiros secos e tantas outras "coisinhas" que fazem a diferença. Mas isso também faz parte; e é assim, tendo contato com eventos como este, que uns e outros vão despertando e fazendo essa força transmutadora cada vez maior.

Um dos momentos auges do evento foi o cortejo dos Flautins do Matuá com participação de Carlos Malta. Houveram lindas apresentações durante todo o evento, mas este momento específico foi quando o Eletrorgânico inteiro dançou a mesma dança. Como quem não quer nada, os Flautins se juntaram em frente à cozinha e começaram a tocar. Nesse mesmo instante já começaram a juntar os primeiros seguidores. Após uma breve pausa para agradecer aos cozinheiros que prepararam o alimento com tanto amor durante todo o evento, o cortejo seguiu para a tenda principal, levando consigo uma grande muvuca dançando, pulando e rodando. O palco ficou de lado. A festa se fez no meio da galera. Nesse momento Carlos Malta, muito à vontade, e seu pifo se juntaram à festa que foi longe. Antes de terminar, o cortejo ainda tomou conta do barranco e foi parar onde tudo começou; na cozinha.

Outra atração que não pode deixar de ser comentada foram os 'Fidjus de Cabo Verde', formada por cabo-verdianos residentes no Rio de Janeiro que, além de uma banda, formam um grupo sócio-cultural que tem como objetivo promover a cultura de Cabo Verde no Brasil. Também fizeram muita gente pular e, com muito bom humor, conseguiram lidar com os prolongados problemas técnicos de som que tiveram.

E por aí foi o festival com 48 horas de música e muito banho de rio cercado por uma natureza estonteante. E viva a Mata Atlântica.

domingo, 5 de outubro de 2008

Árvores, pássaros e nuvens


É domingo de eleições em São Paulo. O céu coberto por nuvens carregadas, cinzas e brancas. Já choveu. Talvez chova mais. Muitos pássaros cantam e voam para lá a para cá. É surpreendente; esta cidade, este câncer feito de cimento sobre cimento, rodeado de cimento tem tantas lindas e imponentes árvores. Se me perguntam o que eu mais gosto em São Paulo, digo que são as árvores. Parece meio contraditório, mas não é. Esta cidade que eu tanto odeio tem lindas e esplendorosas árvores. E com elas, vem a vida e vêm os pássaros. Tantos pássaros, tantos cantos. Ah, e os macaquinos, é claro. Hoje mesmo estava notando o chamado dos sagüis. Não os vi, mas ouvi. Como chamavam forte.

Bem, tenho a “vantagem” de estar perto de um clube hípico – não por ser hípico, mesmo porque eu sou a favor da libertação animal por completo, mas pela quantidade de verde que tem. É uma mini floresta que propicia hábitat para as tantas espécies de aves e os sagüis que vemos por aqui com freqüência.

Lá pelas 10h saio com minha mãe e tia para ir ao colégio aqui ao lado votar. Em seguida compramos pães e voltamos para tomar café da manhã com meu pai. Ele comenta sobre a extraordinária quantidade de gente caminhando nas ruas. Quem vota no colégio aqui perto, aproveita para quebrar um pouco o padrão, e vai à pé. Numa cidade como esta, só sai de casa sem carro, quem não tem. Hoje em dia até os cães são levados para passear por “passeadores de cães” contratados. Às vezes se vê um “passeador” com tantos cães levados pela guia que é surreal – aquela cachorrada se enroscando uma na outra. Aí o cara perde a paciência e da uns puxões que, se o cão for pequeno, rodopia no ar. Pra que que a gente tem cachorro mesmo?

Após o café, como de costume quando estou em São Paulo, vou direto para o computador. É meu vício, minha fuga da realidade quando estou aqui na babilônia e não sei o que fazer. Fico vendo emails, chateando (sentido ambíguo), organizando fotos, escrevendo – este é o caso agora – e por aí vai.

Então tava eu aqui chateando com uma amiga e ficando chateado de não ter/saber o que fazer. Lembrei de uma oração que um personagem fazia num filme que vi recentemente. Fiz uma busca na net com as palavras que lembrava e achei:
"Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras".
Me caiu como uma luva neste momento de..tédio!?! Bem, até que estive lidando bem com isso tudo pela pratica no dia-a-dia do que aprendi no Vipassana. E trato de lembrar sempre que, o que quer que eu esteja vivendo a qualquer momento, “isto também passará”.

Não sei bem aonde quero chegar ao escrever tudo isto. Na verdade, não tenho pretensão de chegar a lugar algum. Só queria escrever, e aqui estou. Aqui cheguei e aqui fiquei. Os pássaros continuam voando e cantando. Os sagüis já não chamam mais. O céu está mais branco que cinza. Isso me lembra um cântico:

Vê formaram-se sobre todas as águas
Todas as nuvens.
Os ventos virão de todos os nortes.
Os dilúvios cairão sobre todos os mundos.
Tu não morrerás.
Não há nuvens que te escureçam.
Não há ventos que te desfaçam.
Não há águas que te afoguem.
Tu és a própria nuvem.
O próprio vento.
A própria chuva sem fim...

Cecília Meireles

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Esmeraldas e Gatos


Às 21:30h já estou praticamente dormindo quando Cami me diz: “Me acompanha? estou ouvindo um gatinho miando lá embaixo, quero ver se está bem.” Um pouco relutante me levanto, descemos o lance de escadas do hotel e cruzamos a rua de terra. Sem pensar Cami entra no terreno baldio que é uma pequena selva, guiada pelo miado desolado do gato entre as folhagens. Acompanho-lhe. De repente vejo um vulto branco passando à minha frente e novamente desaparecendo. Era o próprio. Cami o segue, determinada. Eu espero. Logo ela pede que eu traga a lanterna. Vou buscá-la no quarto e lhe entrego.

Cami se embrenha no mato com a lanterna e mia como uma gata para atrair o filhote. Entre a vontade de dormir e o respeito pela atitude dela de querer ajudar o bicho, fico sem saber o que fazer e espero. Após uns bons minutos de miados por ambas partes, escuto um alvoroço na mata e então gritos desesperados do gatinho. Quando o gato estava próximo o suficiente, Cami deu o bote. Como um animal que está atrás de sua presa, lançou-se encima do gato certeiramente e o agarrou. Levou uma mordida mas não soltou.

Então pede que eu tire minha camisa para que possa envolver este ser que parece nunca haver tido contato com humanos. Diz que aparenta ter um ou dois meses. Voltamos ao quarto e Cami o coloca no chão. Pede que eu vá comprar algo para dar-lhe de comer. Visto outra camisa e lá vou eu.

Estamos no povoado de Selva Alegre, província de Esmeraldas, norte do Equador. É uma das muitas comunidades afro-equatorianas que ficam à beira do rio, nesta região. A vila é formada basicamente por uma rua principal com algumas pequenas ruazinhas adjacentes. A maioria das construções é de madeira ou bambu. Tem umas 3 lojas, um telefone, dois restaurantes e um hotel, este de concreto. Aqui a maioria das pessoas anda de pés descalços, lavam as roupas e a si mesmos no rio que corre paralelo à rua principal. Nele também jogam seu lixo. Canoas motorizadas vão e vêm todos os dias, levando e trazendo pessoas dos infindos povoados rio acima que não tem acesso por estrada.

Em busca de algo pro gato comer, caminho pela rua principal até os dois restaurantes, que ficam um à frente do outro. Estão fechados. Um dos muitos grupos que está sentado na lateral me chama para conversar. Respondo a algumas perguntas básicas como ‘de onde sou’ e ‘para onde vou’ e lhes digo que tenho que ir pois preciso encontrar algo de comer para um gatinho que encontramos chorando, ao que todos caem na gargalhada. Sem entender nada, me despido e vou até a loja que me dizem estar aberta. Já fechou, mas pelas frestas de madeira vejo que há uma luz acesa dentro. Um homem do outro lado da rua me diz para bater na porta que tem gente dentro e logo se aproxima para me ajudar. Compro um pão que me é jogado por um vão acima da porta. Passo o dinheiro por uma das frestas na madeira.

O gato está debaixo da cama, encolhido. Cami parte pedaços do pão e joga em direção a ele. Após uns instantes ele se aproxima e começa a comer. Passado um bom tempo, pergunto-lhe o que quer fazer. Ela não sabe se o deixa passar a noite no quarto ou se o devolve ao lugar onde o achou para que sua mãe talvez o encontre. Pela janela vê um gato adulto atravessando a rua. Pensa que talvez seja a mãe e decide levar o filhote.
Espantamos-lhe para que saia de baixo da cama e Cami o agarra. Sentada na beira da cama, com o bichinho enrolado em minha camiseta, Camila começa a chorar. Como uma mãe preocupada com seu filho, ela não tira os olhos dele e simplesmente chora. Passado algum tempo ela diz: “Não choro por esse gato especificamente, mas sim por todos os animais que passam por coisas como esta, abandonados, maltratados por indiferença de nós, humanos”. Levanta-se e vamos para a rua. Ela entra no terreno e o deixa em um buraco que pensa haver sido feito por sua mãe.

Voltamos ao quarto e nos deitamos. O gato mia em tom de choro algumas vezes. Dormimos. No meio da noite começa a chover. Cami se preocupa mas decide deixá-lo onde está. Se sua mãe o encontrar, estará seguro.

Lá pelo meio da noite escutamos o mesmo miado. Ao menos pensamos ser o mesmo. E desta vez está bem próximo. Cami vai ver e encontra o gato já no topo da escada, na porta do hotel. O traz para dentro e logo se dá conta de que não é o mesmo gato. “É seu irmão”, deduz ela. Decide deixá-lo no quarto, mesmo porque lá fora chove forte. Tentamos dormir, mas o choro do gato dificulta. “O choro do gato é tão forte como a chuva” diz ela.

Com a primeira luz do dia, Camila o leva de volta ao terreno selvagem. Vai até o buraco onde deixara o outro e o encontra no mesmo lugar. A mãe, que está ali ao lado, se assusta e desaparece. Cami solta o outro filhote que vai direto ao encontro do irmão. Os dois se cheiram, se reconhecem e movem todo o corpo com os rabos esticados para o alto, de tanta felicidade. Um deles, como que agradecendo, vai ate os pés de Cami e volta correndo para a companhia do irmão. O sol já vai nascer.

Eko Porã 2008



No dia 23 de setembro de 2008 foi realizado o VI Eko Porã - Festival da Primavera na UFSC - Florianópolis.

O vento da mudança soprou forte durante todo o dia, lembrando a todos o motivo maior de estar ali: A Celebração da chegada da Primavera. O Sol e a Chuva dançaram incessantemente sobre nossas cabeças abençoando e purificando todos ali presentes.

Pulando, dançando e cantando, comungamos com a Mãe Terra para agradecer o alimento por ela produzido com tanto amor e oferecê-lo ao Grande Pai. A natureza se fez presente em constantes manifestações dos 4 e ainda mais elementos que só pudemos perceber como bençãos àquele encontro de tantas tribos, tantas culturas, dissolvendo-se numa só: Hare Krishna, boi de mamão, Rastafári, alimentação vegetariana, Guarani, música ao vivo, Daime, teatro, mostras de fotografia, alimentação prânica, Ananda Marga, yoga, artesanato, poesia e muito amor fizeram deste simples encontro a manifestação de seu significado: Eko Porã, que, em Guarani, significa 'VIDA BOA E BONITA PARA TODOS'

E viva a Primavera!!!

Um Ser...Lucia



VEJA O VÍDEO: http://www.youtube.com/watch?v=tXrc3lB0t9E

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Um Ipê na minha rua




com o fim do inverno e a chegada da primavera, veio este presente explodindo em alegria. E assim como veio, se foi.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Pipoca no Ibira



Meu blog tem estado um pouco inativo. Escolhi esta imagem, quase que aleatoriamente, como um primeiro passo na reativação deste espaço.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Unidos por La Vida

Unidos Por La Vida
Text in english bellow
Texto em portugues abaixo

Somos diferentes individuos y grupos de personas con el objectivo de crear y practicar alternativas concretas de vida, basadas en el respeto por el planeta y todos sus habitantes.De esta idea, planteamos la creacion de redes de union sin fronteras, para hacer contactos y intercambios, cambiar informaciones y apoyarnos mutuamente, principalmente con cosas practicas, con el proposito mayor de Unión en favor de la vida.Estas experiências pueden estar relacionadas en varios temas: Cultural, Social, político, medio-ambiental, etc. Lo importante es unir fuerzas entre estos elementos, ya que el uno depende del otro para subsistir, siempre y cuando sea con la base sólida de trabajar con respeto* por la vida.*Respeto lo entendemos como la actitud que permite la realización de la vida en cualquiera de sus manifestaciones.Invitamos a personas con ideas similares basadas en respeto y bastantes ganas de apoyarnos mutuamente en la creación de esta red.

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We are different individuals and groups of people with the goal of creating and practicing concrete living alternatives, based on respect for the planet and all its inhabitants.With this idea, we propose the creation of webs of union without frontiers, to make contacts and exchanges, exchange information and support each other mutually, especially with practical things, the main goal being Union in favour of life.These experiences can be related to various themes, such as cultural, social, economic, politic, environmental, etc. The important thing is to unite strength between the elements, since one depends on another to subsist, always with a solid base and working with respect* towards life.*Respect we understand as the attitude that allows the realization of life in any of its manifestations.We invite people with simmilar ideas based on respect, and lots of will to support ourselves mutually in creating this web.

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Somos diferentes indivíduos e grupos de pessoas com o objetivo de criar e praticar alternativas concretas de vida, baseadas no respeito pelo planeta e todos seus habitantes.A partir desta idéia, propomos a criação de redes de união sem fronteiras, para fazer contatos e intercâmbios, trocar informações e apoiar-nos mutuamente, principalmente com coisas praticas, com a finalidade maior de União em favor da vida.Estas experiências podem estar relacionadas com os mais variados temas, como Cultural, Social, político, meio-ambiental, etc. O importante é unir forças entre os elementos, já que um depende do outro para subsistir, sempre com a base sólida e trabalhando com respeito* pela vida.*Respeito entendemos como a atitude que permite a realização da vida em qualquer de suas manifestações.Convidamos pessoas com idéias similares baseadas em respeito e bastante vontade de apoiar-nos mutuamente na criação desta rede.

Publicado por Unidos por la vida, proposta da qual faço parte

http://unidosporlavida.blogspot.com/search?updated-min=2006-01-01T00%3A00%3A00-05%3A00&updated-max=2007-01-01T00%3A00%3A00-05%3A00&max-results=15

Bioabsorventes Luna

O que é que eu tenho a ver com isso(absorventes femeninos)?

Tudo começou quando minha companheira Camila comprou seu primeiro kit. Ela se identificou tanto com a história que virou disseminadora da idéia e agora também os produz. Para ajudá-la, acabei me envolvendo tanto na história que já é costume eu vendê-los e explicar para um grupo de mulheres como se utiliza. É engraçado. A única limitação que tenho é falar sobre experiências próprias.

Aqui vai um texto explicativo sobre os Luna:

São absorventes reutilizáveis e biodegradáveis, que além de ser ecologicamente correto proporciona um maior contato da mulher com sua identidade feminina através da aceitação de uma condição fisiológica, natural e saudável. Produzidos em tecido de algodão (antialérgico), duram vários anos, conforme o cuidado que se tenha. Surge como uma alternativa aos absorventes descartáveis que, além de possuírem substâncias tóxicas, são bastante poluentes.
Uma mulher, durante seu ciclo reprodutivo, utiliza 10 a 15 mil absorventes, que demoraram cerca de 100 anos para se decomporem.
Além disto, os absorventes descartáveis contém substâncias químicas nocivas a saúde da mulher. Muitas mulheres têm alergias e outros problemas por causa disto, mas na maioria das vezes nem se dão conta.
Sabia que o sangue menstrual não é sujo? É apenas a descamação do endométrio - tecido que reveste o útero - por não ter tido a fecundação do óvulo. A menstruação, normalmente, é um sinal que o corpo está funcionando, e que, se um dia você quiser, pode engravidar.

Bioabsorventes são a solução para as mulheres que pensam globalmente e agem localmente, Que são responsáveis por seus corpos, e estão confortáveis nele, escolhendo o melhor para si.
Como usar?
1- Para garantir uma boa absorção e higiene, lave antes de usar pela primeira vez.
2-

3-Após usar o bioabsorvente deixar de molho na água por algumas horas (ou de um dia para o outro), sem sabão. Esta água rica em nutrientes pode ser utilizada para regar as plantas e assim você estará reciclando seu ciclo! Depois, você pode lavar direto ou deixar mais um pouco de molho na água e sabão (caso necessário). Para tirar as manchas é só deixar no sol com sabão de coco. Também pode ser lavado na máquina. O bioabsorvente é como uma calcinha, e deve ser lavado com o mesmo cuidado. Para aumentar a durabilidade, utilizar sabão neutro ou de coco e sabão em pó de coco. Não usar alvejantes, além de poluir a água você estará diminuindo a durabilidade de seu absorvente.

Sites de interesse:
http://www.menstruation.com.au/
http://www.coisasdemulher.com.br/
http://www.mum.org/ (Museu da Menstruação)
http://manymoonsalternatives.com/
Publicado por Unidos por la vida http://unidosporlavida.blogspot.com/2007/10/bioabsorventes-luna.html

contato: davilacamila@yahoo.com

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Nina & Bobby no teatro



Este foi o show do Bobby Mcferrin no Teatro Municipal, que teve participaçao especial do Barbatuques. O Bobby chamou alguem pra subir no palco e dançar para ele.

A Nina foi.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

SERES




Texto utilizado en la expo de fotos del Primer Festival de Cine Documental sobre la interrelación entre los seres humanos y los animales(abril 2008 /Quito- Ecuador):
Ser Humano Animal

Nosotros somos seres humanos, seres humanos animales. ¿Qué implica este hecho? ¿Esto nos hace superiores a los demás animales? ¿Como nos relacionamos con los animales no humanos? ¿Les tratamos con respeto?

Permitámonos en este momento realmente ponernos en su posición e imaginar y reflexionar cómo se sienten. ¿Que sentirán cuando encarcelamos a un ser en nuestro hogar, en zoológicos o en circos, únicamente para satisfacer nuestros deseos “humanos” de verles cerca…usarles?!?

Karina va a la selva y se encanta con los monos. “Qué hermosos que son, quiero llevar uno a mi casa”. ¿Pero qué querrá él, el mono, un ser con familia, hogar y vida propia?
¿Qué sentirán cuando los ponemos en laboratorios y les inyectamos sustancias fortísimas, les cortamos y les hacemos los más crueles experimentos, diciendo que eso es para el bien? ¿Para el bien de quién?

¿Qué sentirá un caballo con hierros en la boca y otro animal arriba de él, pegándole con un chicote? ¡¿¡Y decimos que no pasa nada porque el caballo es fuerte!?!
¿Qué sentirán tantos miles de animales que son forzados por nosotros a pasar toda una vida de miseria, cárcel y tortura para, al final, ser muertos y comidos? ¿Qué sentirá nuestro cuerpo cuando ingerimos esta carne tan sufrida? ¿Qué sentirán nuestros órganos y nuestras células? ¿Y nuestro espíritu?
¿Qué sentirán las vacas lecheras que pasan toda su vida teniendo terneros que se los quitan a los primeros días de vida para que la leche pueda llegar a nuestras mesas?
¿Qué sentirán los chanchos, gallinas, vacas, cuando les transportamos apretados en el cajón de un camión donde no pueden ni moverse? ¡Y nosotros ya reclamamos cuando nos sentimos apretados en un bus!!!
Mirémosles en los ojos, de ser vivo a ser vivo, sin posturas de superioridad o prejuicios, a ver si podemos comprender y profundizar un poco nuestras relaciones con esos seres con los cuales compartimos el planeta tierra, y por lo tanto son nuestros hermanos.

¿Estarán ellos aquí para que les hagamos lo que nos da la gana? ¿Para que les manipulemos, les propiciemos una vida hecha pedazos, les torturemos y les hagamos sufrir para nuestro placer? ¿Será este el sentido mayor de la vida animal?
¡VIDA! ¡ANIMAL! ¡Que fuerza tienen esas palabras!!! ¿Sientes? Todos somos SERES. Seres humanos, Seres animales, Seres humanos y animales.

Experienciando a Ecosimia


Quando o neném chora, a mãe se incomoda. Quando a mãe esta incômoda por muito tempo, o pai fica bravo. Nessa história, contada pelos antigos, o neném é o Vulcão Pichincha, que fica em Quito. Este teve sua ultima erupção algum tempo antes que a mãe, que é o Tungurahua, começasse a sua erupção que já dura uns 6 anos. O pai é o Cotopaxi, considerado o vulcão mais perigoso do Equador e que pode entrar em atividade a qualquer momento.

Sabedoria ancestral à parte, diz a ciência que o Cotopaxi tem dois tipos de erupção, cada qual com seu ciclo. O mais suave é a cada 90? anos e o mais forte a cada 2000? Já faz uns 140 anos que o primeiro não acontece e o segundo 2300. Enquanto isso o governo não menciona nem uma palavra em relação ao ‘pai’.

É sexta-feira, 18 de janeiro. Partimos às 7:15h rumo ao sul. Mauricio, Suzana, Valentin e eu. Mauricio é um senhor, nascido no Equador e criado na Suíça, que criou a idéia e continua sendo o maior incentivador do que chamam de Sintral – Sistema de Intercambio e transações locais. Suzana é a mãe de Valentin – São alemães e vieram conhecer como funciona Sintral na prática, mesmo porque na escola de Valentin estão aplicando as mesmas idéias, baseados num dos vários cursos que Mauricio e sua Esposa Rebeca ministraram pela Europa.

Quito fica na província de Pichincha, que é de onde saímos. Passamos pelas províncias de Cotopaxi, Tungurahua e chegamos a Chimborazo, cada qual com seus vulcões de mesmo nome. Dos três, só vemos o terceiro – os outros dois estão totalmente cobertos pelas nuvens. Passamos perto do refugio para os aventureiros que escalam o Chimborazo. Passamos dos 4000 metros de altitude.

Nossa primeira parada é um povoado perto da cidade de Riobamba. Chegamos à casa de uma mulher que vive sozinha. Mauricio tem que falar algo com ela e logo seguiremos viagem. Ela insiste que entremos para conhecer. Mauricio tentar resistir mas é persuadido. Logo a senhora, muito amigável, diz que não tem muito para oferecer mas tem um pouco de favas cozidas e nos traz um prato cheio delas, junto com outro prato de ají. Ají é um molho feito com pimenta. Nos sentamos para deliciar-nos com as favas frescas e o ají preparado na pedra (moedor tradicional), como nos conta nossa anfitriã. Em seguida ela traz um lindo prato de salada e ainda pedaços de um queijo tipo ricota e um prato cheio de choclos (milho verde cozido), este bem diferente do que conhecemos no Brasil. Os grãos são mais branquinhos e pontiagudos – uma das diversas espécies tradicionais da região. Tudo o que nos serve é orgânico e cultivado por esta senhora e seu grupo, ali nas redondezas. Para completar, ainda nos serve suco de tomate de arvore, fruta pouco conhecida no Brasil.

Após tanta fartura, nos despedimos agradecidos e satisfeitos. Vou ao banheiro e no caminho vejo suas criações de cuys e coelhos. Cuys são porquinhos da índia, carne muito apreciada pelos paises andinos. Não dá pra não sentir um aperto no peito ao ver os bichos apertados em pequenas gaiolas onde mal podem se mover.

Entramos no carro e paramos em menos de 1km. É um dos muitos CPAA (Centro Para Atividades Autônomas) que há hoje no Equador. Resumindo, um CPAA é como uma escola alternativa bastante radical, onde não há aulas, professores e, muito menos, provas e notas. Cada criança aprende de acordo com seu interesse e ritmo natural.

Uma historia que me ajudou bastante a entender como este sistema pode funcionar é de uma criança que já havia freqüentado uma escola “normal” por alguns anos e de repente foi transferida para o “Pesta” (apelido para Fundación Educativa Pestalozzi – precursora do CPAA). Esta criança não tinha o menor interesse em aprender, só queria ficar brincando ou fazendo nada, enquanto as outras crianças que freqüentaram o Pesta desde pequenos, tinham bastante interesse em aprender sobre diversos assuntos, e o faziam, com uso do material disposto e adultos que sempre estavam ali para ajudar. A conclusão foi que a criança que entrou depois, já havia sido “contaminada” pelo sistema de ensino tradicional, onde somos obrigados a assistir aulas, forçados a estudar tantas coisas que não nos interessam e muitas das quais nunca nos servirão nessa vida ou em outras e ainda submeter-nos ao julgamento de professores que nem sempre são aptos para lidar com esses seres tão sábios e inocentes que são as crianças. Sendo assim, quando foi ao Pesta, onde não era obrigado a nada, abusou de sua liberdade e não se adaptou.

Voltando ao CPAA a que acabáramos de chegar, entramos para conhecer: várias salas bem organizadas, com os mais diversos materiais para aprendizagem. O que mais há são jogos educativos. Várias crianças brincando e alguns adultos tomando conta. Conversamos um pouco e seguimos nossa viagem rumo à Pretoria.

Pouco abaixo dos 3000 metros, estamos em uma estrada de terra um tanto precária, e em meio a uma densa neblina. A umidade da região propicia quase que uma selva. Baixamos rapidamente e logo estamos em uma densa floresta com casa de madeira, muitas arvores de banana, mandioca, urucum. Quando chegamos à 40m do nível do mar, mesmo bem longe do mar, já se diz que estamos na costa. No Equador chamam de costa uma faixa de aprox 200km entre a praia e o interior, ao longo de todo o país.

Passamos pelo povoado de Caluma e uns 20km depois chegamos a uma ponte em reforma. Não há como passar. À nossa frente esta um caminhão que sai da estrada para a esquerda e para frente de um rio. Paramos perto deles. Um dos rapazes do caminhão tira os sapatos, arregaça as calças e entra no rio para medir a profundidade. A água praticamente lhe molha a bunda. Já decididos a dar a volta, vem, do outro lado do rio, uma camionete igualzinha à em que estamos. Sem titubear, cruza o rio com facilidade. Então aparece um jipe Suzuki e também cruza. Logo o caminhão e então vem um ônibus, também do outro lado e cruza tranqüilamente. Finalmente Mauricio se convence a cruzar. Engata o 4x4 e lá vamos nós. Um quilômetro depois chegamos ao pequeno povoado de Pretoria, nosso destino.

Estacionamos em frente à casa de Sister, nosso anfitrião. Ele vive justo em frente à escola, onde há uma quadra de futebol e outra de vôlei. Aqui jogam o que chamam de Ecuavolei, com três integrantes de cada lado. No salão da escola há um “discomóvil” – aparelho de som potente geralmente alugado para festas. Muitos adultos dançam ao som de musica eletrônica nacional, como se estivessem numa discoteca. Ao lado da escola está a igreja.

Pouco depois chega Jose Manoel, com o caminhão carregado de produtos de Chilco, um pequeno povoado na serra de Tungurahua. Com ele vieram de Chilco três irmãos, dois adolescentes e uma criança, para conhecer o povoado. Uma das propostas de Sintral, além de fazer o comercio sem utilizar a moeda oficial, é que as pessoas dos grupos conheçam as outras pessoas e outras regiões. Por enquanto viajam poucos, no caminhão que leva as mercadorias, mas a idéia é ter também um ônibus que leve mais gente.

Ao lado da casa de Sister já esta uma grande pilha de cachos de banana, um pouco de cana de açúcar e mandioca. Alguns curiosos sobem na traseira da caçamba para espiar o que lhes enviaram. Pouco depois vamos jantar. Somos convidados a comer todas as refeições nas casas das famílias que participam do mercado de Sintral. Como somos muitos, nos dividem em grupos. Mauricio fica na casa de Sister e os outros subimos na caçamba do caminhão que cruza o asfalto e entra por uma ruazinha de barro enlamaçada em meio a uma plantação de cacau. De pé, no fundo da caçamba, e meio a sacos de batata, sacudimos para lá e para cá. Paramos em frente a uma casa de madeira. ‘Aqui ficam os meninos de Chilco’. Seguimos mais alguns metros e paramos em frente a uma casa de concreto. Seguimos por um caminho em meio aos cacaueiros e logo chegamos a uma casa de madeira bem simples. É elevada do chão, imagino que para proteger da umidade. Subimos as escadas, passamos por uma ninhada de cães e entramos. Um ambiente bem pequeno, com uma rede, uma pequena mesa e banquinhos de madeira. Sobre a mesa uma toalha de plástico com desenhos de papai-noel. No alto, uma televisão que já estava ligada quando entramos. O jovem pai de família lhe aumenta o volume. Tem três filhos, sendo que um é neném de colo. A mãe, magrinha, passa da cozinha para outro ambiente e volta com uma panela e o marido logo traz pratos guardados em saco plástico.

Nos servem pratos de sopa com pedaços de frango. Digo que sou vegetariano e logo me trazem uma sopa de macarrão (a mesma sopa só que sem o frango). Como um pedaço de mandioca que há na sopa e logo trazem um prato de banana da terra cozida. Abandono a sopa e ataco as bananas. Em seguida trazem pratos de arroz com ovo frito. Digo que também não como ovos, e me fazem banana da terra frita. No meio do arroz há um ou outro grãos de lentilha. Por ultimo trazem suco de tomate de arvore. Terminamos de comer, agradecemos e nos despedimos. Como de costume no Equador, dizem: Disculparán (desculparão) – o que me traz uma sensação rara. Nos recebem em sua casa, servem a melhor comida que dispõe e pedem desculpas!?! Bem, tenho que me acostumar e, afinal, não é pior do que o nosso ‘obrigado’.

Subimos no caminhão, pegamos os chicos de Chilco e, no caminho, fazemos algumas paradas para pegar mais bananas para o mercado de amanhã. Em uma das paradas, onde carregamos muitas bananas, o menino menor de Chilco se aproxima de uma égua amarrada que está com seu filhote e lhe dá um tapão no focinho. Ela fica muito assustada e o menino ri, enquanto os outros observam em silêncio. Vejo que o filhote tem uma pata traseira bem enrolada na corda que prende a mãe. Aproximo-me para soltá-lo. A mãe não me deixa chegar muito perto, mas consigo afrouxar um pouco a corda e soltar o pequeno.

Voltamos à casa de Sister e sentamos na sala, todos bastante cansados. É hora de fazer “uma social”. José Manoel vai ao caminhão e traz um violão, um bumbo e um reco-reco. Tira o violão da capa e começa a tocar e cantar. Acompanho-lhe com o bumbo. Ficamos um tempo tocando, conversamos e enfim vamos dormir. Todas as camas com mosquiteiros. Depois de passar duas semanas em Pifo dormindo com vários cobertores, durmo esta noite mesmo sem lençol.

Sábado despertamos as 7:30h e Sister caminha conosco para o ‘cafecito’ numa outra casa. Há café solúvel, chá de erva cidreira em pacotinhos e, para cada um, um grande prato de arroz branco com um pedaço de frango. O arroz é importado por ser mais barato que o nacional. O frango é do quintal. Aqui se diz que não se deve matar uma galinha a não ser que alguém esteja doente, seja uma celebração especial, ou haja visitas.. Eu como somente arroz e tomo chá. Explico que sou vegetariano. Sister é convencido a ficar e comer junto conosco. Pergunta se não tomo café. Digo que não e se interessa em saber por que não tomo café e não como carne. Ele diz que aqui se costuma plantar e tomar o próprio café. Explico-lhe que não me sinto bem quando consumo café ou carne, sendo que um me deixa muito nervoso/ansioso e o outro me faz sentir mais pesado, ou melhor, sinto-me melhor sem a carne.

Voltamos à casa onde logo será o mercado. As pessoas vão chegando. Alguns vão trazendo mais produtos e os posicionam junto ao que já estão. Começam a descarregar o caminhão: primeiro as bananas que carregamos à noite, então várias sacas de batata, uma de cenoura, couve-flor, alface e repolho. Em seguida carregam todas as bananas, mandioca, cana, alguns mamões e maracujás. O caminhão fica praticamente lotado.
Os alimentos são retirados das sacas e posicionados no chão. Mauricio da algumas palavras com ultimas novidades. Dá-se inicio ao mercado. Forma-se uma fila para pegar a primeira leva de alimentos. Cada um com seu saco na mão, vão passando e recebe primeiro uma porção de batatas e outra de cenouras. Quando todos passaram, chamam para o segundo turno. Depois com couves-flores e repolhos. Assim vai até acabar tudo. Sister então diz que há 15 alfaces. “Quem se interessa”. Por um breve momento ninguém se move e, de repente, vão todos ao mesmo tempo. Alguns ganham, outros não.

É o fim do mercado. Cada um segue para sua casa com seus produtos vindos da serra. Em seguida começa a reunião de mutuo apoio. Enquanto esperam que o grupo se complete, José Manoel toca e canta. Logo estão todos presentes, cada um com seu caderninho de contabilidades. Sister é o “banco”. Cada integrante contribui com o que pode e chegam a um total de USD 333,00. Uma leva 150 e um outro mais 150. Os 33 restantes vão para um terceiro interessado. A reunião se acaba. Assim fazem a cada mês, para que alguns do grupo levem uma quantia de dinheiro que possam investir em algo que desejem e, de acordo com a possibilidade de cada um, vão pagando de volta ao grupo, sem juros.

Logo Sister nos leva (os visitantes) para colher sapotes: umas frutas suculentas, marrons por fora e laranja brilhante por dentro. Também comemos cacau e toronja. Hora do almoço: Sopa com frango, arroz, ovo, couve-flor com batatas e salada. Grandes quantidades. Como sobra muito, nossa anfitriã pensa que não gostamos da comida: Disculparán que mi comida no les agrada. Explicar não parece ajudar.

Vamos na camionete de Mauricio colher bananas no meio de uma plantação de cacau e depois dar um mergulho no rio. Um rio largo e raso, mas com uma bela correnteza. Água quentinha. Quando voltamos, ficamos sentados na varanda de Sister assistindo as pessoas que saiam da missa e aos que jogavam ecuavolei e futebol nas quadras à frente. Uma mulher vender sorvete tipo raspadinha e um homem em sua moto vende picolés e Paes caseiros. Chega um carro promocionando seus sorvetes por um alto falante.

Na varanda, comemos abacaxi, toronja, sapote e umas bananas chamadas de limeñas que aparentam ser qualquer banana por fora, mas são de cor laranja por dentro. Vem a chuva e nós ainda ali, só olhando. No jantar, parece que já ficaram sabendo que não como carne e servem arroz com couve-flor, salada e grandes e suculentos pedaços de mamão. Para beber, chá de camomila.

Voltando para casa, todos na sala ao som do violão e voz de Jose Manoel. Muitos mosquitos. A chuva chove.

Domingo partimos dos 40m de altitude de Pretoria rumo a Chilco, uma pequena comunidade que fica a mais de três mil metros. Mauricio me pedira para ir com Jose Manoel, no caminhão, para que um dos meninos de Chilco possa ir com ele na camionete e indicar-lhe o caminho.

Despertamos as 6:30h para sairmos às 7h. O café da manhã, para variar, é arroz com um pedaço de frango. Como somente um pouco de arroz. Ao nos despedirmos de todos percebo que os meninos de Chilco estão levando um gatinho, dentro de um saco plástico amarrado, com alguns furos para entrar ar. Ao entrar no caminhão o colocam no chão, junto aos pés. Digo ao mais velho para tirar-lhe do saco e levar-lhe solto. Diz que não, que está bem assim. Assim que entro pego o saco e tiro o gato de dentro, posicionando-o em meu colo. Ele está bem assustado, mesmo porque ainda é filhote, e tenta andar para algum lado. Impeço que saia do meu colo até que se acalma. Faço uma caminha com meu casaco e então ele dorme.

Nossa viagem é longa, principalmente porque o caminhão está lotado de bananas entre outros produtos. Na pequena cabine somos três adultos e uma criança. Nessas horas ter pernas compridas é realmente um incomodo. O mais confortável de todos é o gato que não sai do meu colo a viagem toda. Aproximadamente oito horas após nossa partida de Pretoria, na província de Bolívar, chegamos a Chilco, província de Tungurahua.

Estacionamos na casa da família dos três irmãos que estavam conosco em Pretoria. Mauricio e os outros chegaram 1,5 h antes que nós e foram caminhar até uma parte de onde se vê o vulcão Tungurahua para ver se podiam avistar algum sinal de sua erupção. Logo voltam dizendo que não viram nada. Está tudo nublado. Vamos todos à cozinha, que é uma casinha de barro com uma mesinha, algumas prateleiras e uma fogueira no chão, em um dos cantos. Muita fumaça para todo lado e poucas saídas para ventilação. Todas as paredes são pretas, tingidas pela fumaça. A mãe da família, Companheira Dolores, esta agachada junto ao fogo com um espeto na mão, assando dois cuys (porquinhos da índia). Carne muito apreciada nos países andinos.
Como de costume, estão preparando carne em homenagem a nós, convidados. Fora isso há um panelão de batatas cozinhando. A nora de Dolores põe um pouco de banha e sementes de urucum numa lata de sardinha? vazia e deixa um pouco sobre o fogo. Então côa a banha e prepara um molho com cebola picada. Também há uma sopa de arroz de cevada com leite. Vendo tudo isso, já vejo que vai ser bem difícil ser vegano aqui. Na costa serviam um pedaço de frango em todas as refeições, mas sempre podia deixá-lo de lado e comer os acompanhamentos – e não creio que usavam banha para cozinhar.

Mauricio conta para nossos hospedeiros que eu e os alemães somos vegetarianos. Para eles isto é quase que inconcebível. Trato de explicar de uma maneira bem simples, sem entrar em muitos detalhes. Ao final Dolores diz: mas aqui vai comer (carne). E solta uma bela risada, acompanhada pela nora e filhos. São todos muito bem humorados e risonhos.

Para quem vem de fora, uma das primeiras impressões é que são muito pobres. Isso já me falaram mesmo antes de chegarmos aqui. Mas tem uma linda horta com muitas verduras e legumes, além de plantações de batata e criação de cuys. Algo que me espantou é que nessa realidade, vivendo em casa de barro super simples, com água somente no poço, todos da família, fora as crianças, tem celular. E todos os homens vestem sapatos e calças sociais. E apesar da evidente vida dura que tem, demonstram uma alegria admirável.

Quando a comida fica pronta, servem a sopa, que é feita com leite e banha. Para não criar muito caso, resolvo engolir meu orgulho e transmutar. Como, pescando os pedaços de batata e o arroz de cevada, até que servem o prato principal: batatas cozidas, com o molho e cuy na brasa. Abandono a sopa e vou comendo as batatas, evitando o molho. O cuy eu nem toco.

Quando terminamos de comer, o caminhão já está descarregado e os produtos vindos da costa amontoados num canto. Logo tiram os dois carros do terreno para dar espaço ao mercado que já vai começar. Enquanto se deliciam com as bananas e outras frutas fresquinhas, começam a fazer pilhas, dividindo igualmente todos os produtos. Começam pelos maiores cachos de banana. Conforme mais pessoas do grupo vão chegando, já entram para ajudar na divisão dos alimentos. Jose Manoel canta e toca musicas andinas em seu violão. As crianças correm para todos os lados, brincando, comendo frutas e ajudando na distribuição. Assim passam algumas horas, e ao final há vários montinhos, cada um com igual quantidade de bananas, mandiocas, maracujás e cana. Como os sapotes (fruta deliciosa) e os mamões são muito poucos, os cortam na hora para compartir com todos. No meio de alguns cachos de banana aparecem baratas da mata. Uma menina grita: acudam-me. Outra se aproxima, pega as baratas, vai ate o poste de luz e as posiciona ali para que subam. Pergunto-lhe por que faz isso. Diz que elas sobem e não descem mais – parece que não sabem descer, então morrem lá em cima.

Apesar de estar nublado, o fim da tarde é notável pelo frio que vai aumentando. Mauricio fala algumas palavras ao grupo, basicamente o mesmo que foi dito em Pretoria e se vai com Suzana e Valentin. Eu fico para fazer companhia a Jose Manoel. Ele decide dormir aqui para ir amanha a dois povoados mais ao sul, onde há grupos que participavam dos mercados de economia alternativa, mas com quem perderam contato há algum tempo.
As pessoas vão levando suas mercadorias cada um como pode. Uns se amontoam na caçamba de uma pequena camionete, outros levam em carrinhos de mão e outros ainda levam nas costas. Um casal amarra sacos sobre um burrico. Não entendo muito bem por que, mas apertam tanto as cordas contra o animal que é preciso quem um terceiro tape a cara do animal com um pano para que ele fique quieto- talvez por ficar confuso.

Quando todos já partiram, ficamos um tempo ainda ao lado de fora, Jose Manoel tocando violão e eu acompanhando no bumbo, até que não agüentamos mais o frio e o companheiro pai de família (não lembro seu nome) nos convida para entrar na casa onde dormiremos. É uma casa nova, totalmente diferente da onde a família vive. Foi construída com a intenção de que se tornasse um CPAA (escola alternativa), mas o grupo não se organizou e por enquanto está meio sem uso.

Entramos no quarto onde nos prepararam uma cama. É uma construção um tanto aconchegante, feita de tijolos, com grandes janelas. Nos sentamos e seguimos tocando. Logo trazem uma panelinha com chá de tomilho lotado de açúcar. Isso misturam com cachaça para ajudar a esquentar. Ponho só uma gotinha no meu para dar um gostinho. Passado um tempo nos chamam para jantar. O céu está claro, com a lua praticamente cheia, brilhando lá no alto. Comemos sopa. Entrego-me à situação e como tudo, mesmo que feita com leite e banha. Durante a refeição ouvimos duas vezes estrondos vindos do vulcão. São bastante parecidos a uma forte tempestade. Antes de dormir ainda vamos ver se avistamos o vulcão, mas o céu já esta totalmente nublado e não vemos nada. Ao deitar ainda ouvimos mais um estrondo.

Durante a noite sinto-me um pouco sufocado. Creio que por haver dormido duas noites no calor, sem cobertas e praticamente sem roupas, e agora com casacos e dentro de um saco de dormir. De manha somos despertados pelo pai de família dizendo que temos que ir tomar café logo ele tem que sair para ir trabalhar. Servem pão comprado e chá, com muuuuuuuuuuito açúcar. Em seguida vem um pratão de arroz com caldo de batatas e seilamaisoquê. Digo que não quero, que um pãozinho com chá é o suficiente para mim de manhã, mas insistem que coma ao menos um pouco.

Partimos então, Jose Manoel e eu, no caminhão, rumando para o sul. Ele quer visitar duas comunidades mais ao sul de Riobamba, que costumavam participar dos mercados, mas com as quais haviam perdido contato. Quase chegando na primeira, Virgen de lãs Nieves, que é de um grupo de mulheres, encontramos três delas descendo a rua. Jose Manoel conversa com elas, que se mostram bastante interessadas nos mercados. Ele pergunta se teriam mais interesse em frutas ou peixes, pois cada produto viria de uma comunidade diferente. Elas optam por frutas. Trocam contatos telefônicos e seguimos para a segunda. Também no caminho encontramos um casal que faz parte do grupo e se mostram igualmente interessados nas frutas. Sem precisar seguir adiante, damos meia volta e rumamos a Quito. Umas 5 horas depois Jose Manoel me deixa numa bifurcação onde ele tem que subir ate o Leon Dormido, onde vive, e eu sigo em ônibus até “minhas casa” em Pifo.

Agora aqui estou, muito agradecido por poder experienciar esse mercado de Sintral e, principalmente, a vida nessas comunidades isoladas, aonde eu dificilmente chegaria sozinho. Sigo digerindo essas experiências enquanto me envolvo com outras.